quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Contaminada pela vida


Aos 60 anos e portadora do HIV, esta avó trabalha pela prevenção da aids na terceira idade.

Ivan Marsiglia

Beatriz, 60 anos, teve três homens na vida. O primeiro deu a ela quatro filhos. O segundo contaminou-a com o vírus HIV. O terceiro foi seu único e verdadeiro amor. Gaúcha de Porto Alegre, ela nunca usou drogas nem foi infiel a nenhum de seus maridos. Entretanto, o perfil “careta”, como ela própria define - tão distinto do que se costumava chamar “grupo de risco” da síndrome da imunodeficiência adquirida nos anos 80, quando a doença foi popularizada no Brasil pela voz aterrorizante de Hélio Costa no Fantástico - não a salvou das estatísticas da aids. A história de vida de Beatriz cabe no dado mais alarmante de um estudo divulgado essa semana pelo Programa Nacional de DST e Aids do Ministério da Saúde. Entre 1996 e 2006, a incidência da doença entre maiores de 50 anos mais que dobrou no País, passando de 7,5 para 15,7 casos por 100 mil habitantes. Cerca de 70% dos pacientes são do sexo masculino e 75%, casados, que freqüentemente acabam por contaminar suas mulheres - uma vez que, por questão de hábito geracional, menos de 20% dos brasileiros nessa faixa etária usam preservativo.Educada nos rígidos padrões gaúchos, Beatriz emancipou-se como pessoa e como mulher a partir de encontros, decepções e tragédias entre as quais a aids não seria a pior - e, bem ao contrário, estaria presente quando a vida lhe proporcionou uma experiência única e madura com o amor. Além disso, seria a doença também a conferir sentido existencial e profissional à advogada de hoje, defensora intransigente e bem-humorada do “direito ao amor da pessoa com aids”, como diz. Missão a que dedica quase tanto tempo e carinho quanto a seus três netos, Bibiana, de 12 anos, Bruna, 9, e Bernardo, 4. Maria Beatriz Dreyer Pacheco, a Neca no apelido de família, estudou em colégio de freira e casou-se virgem no final da década de 50 com um rapaz vizinho de porta da família, escolhido por seu pai. “Eu tinha 19 anos”, lembra-se, “e achava estranho o fato de que não se podia nem pegar na mão antes de assinar o papel. Depois, tudo ficava permitido.” O tudo, no caso, não era lá grande coisa. Mas logo vieram os filhos, com suas alegrias, a diluir aquela vida “insípida, inodora e incolor”, como definiria anos mais tarde. Certa noite, pouco antes das bodas de prata do casal, o marido, gerente da Caixa Econômica Federal, confessou estar diversificando sua carteira de investimentos: no caso, em uma moça 15 anos mais nova. Mulher de família, mas com a faca na bota, Beatriz pôs o marido para correr no meio da madrugada. Recusou pensão alimentícia e pediu apenas que os bens do casal fossem para o nome dos filhos. Mas os tempos que vieram foram difíceis. “Eu era muito dependente”, conta. “Fui criada de uma maneira que me fazia pensar que não seria nada sem o casamento.” Desesperada, chegou a tentar o suicídio. Mas decidiu recompor a vida, a começar pelas finanças. Foi quando conheceu, em 1991, aquele que viria a ser seu segundo marido. Outro gerente, dessa vez do Banco do Brasil. “Ele me chamou e fez uma proposta bem de bancário: não era casamento, mas parceria. Tinha sido alcoólatra e sofria de cirrose hepática. Propôs ajudar a mim e a meus filhos se eu cuidasse dele.” O contrato virou um relacionamento de afeto e respeito mútuos, que durou dois anos e meio, até a morte do parceiro por complicações de saúde. Com os filhos criados e aos 42 anos de idade, Beatriz decidiu que não havia mais lugar para homens em sua vida. Isso até encontrar Carlos Antônio Aleixo, “o único de quem você pode publicar o nome, porque foi quem eu amei de verdade”, em março de 1996, na sala de espera do Tribunal do Trabalho, em Porto Alegre. Ele era auditor fiscal, também tinha filhos e estava recém-separado. Simpatizaram um com o outro e, no meio da conversa, deram-se conta de que já tinham se conhecido, 30 anos atrás. “Você não é a Neca?”, perguntou Carlos, que estivera na casa dos Pachecos quando era apenas um garoto de 14 anos e ela tinha 18. “Na hora, não me dei conta. Mas quando ele me telefonou, convidando para jantar, ouvi sua voz e senti um frio na barriga. Aí me dei conta de que estava gostando dele.” O jantar foi no sábado. Segunda-feira, os dois já estavam morando juntos. O ano que se seguiu foi maravilhoso para Beatriz e Carlos. “Vivi a sexualidade mais rica da minha vida entre os 50 e os 60 anos”, conta ela. “Nossos filhos notavam quanto éramos felizes e nos chamavam de ‘envelhecentes’”, ri. Foi em 1997 que ela começou a apresentar os sintomas. Uma infecção de pele persistente intrigou os médicos, até que um deles pediu a Beatriz, “só por segurança”, que fizesse um exame de HIV. “Tive um acesso de riso, porque àquela época eu também associava a aids à conduta moral das pessoas.” No dia de buscar o exame, chegou a brincar com os colegas antes de ir ao laboratório: “Vou lá buscar meu diagnóstico de aids”.Beatriz abriu o envelope na rua, a caminho de casa. “Quando li ‘reagente’, primeiro interpretei que fosse bom sinal, de que minha saúde estava reagindo, veja só. Aí dei dois passos e estanquei. Era um dia de sol como hoje, mas tive a nítida sensação de que havia uma nuvem negra na minha cabeça.” Como na maioria dos casos, é difícil determinar quando e como a infecção se deu exatamente. Beatriz acha que ela ocorreu devido às constantes transfusões de sangue feitas por seu segundo marido entre 1991 e 1992. “Ele não tinha nem saúde para me trair”, acredita. “Fui infectada por causa de relação sexual desprotegida. Ponto.”A primeira reação de Carlos foi de fúria. Gritou que a culpa era dela, que ele era filho único, iria morrer e deixar sua mãe desamparada. De repente, empalideceu e desabou. Ela teve que chamar uma ambulância. “Tinha certeza de que seria abandonada”, relembra. Mais calmo, Carlos disse que a amava, que os dois juntos fariam do limão limonada e enfrentariam o problema sem medo. A primeira infectologista consultada por Beatriz deu-lhe 18 meses de vida. Perguntada sobre qual deveria ser a conduta do casal dali para a frente - se podiam se tocar, se beijar, se era preciso separar as louças - a doutora limitou-se a dizer: “Sabe-se muito pouco sobre a aids até hoje”. Carlos submeteu-se ao exame, que, à época, levava quase 20 dias para ficar pronto. Deu negativo. Repetiu os testes 90 dias depois, com igual resultado: apesar de um ano de vida sexual freqüente, ele não estava infectado. Os dois eram um caso raro de casal sorodivergente. Carlos pediu desculpas a Beatriz e chorou de vergonha por tê-la acusado. Os filhos começaram a se despedir dela. Uma ocasião os quatro repetiram com a mãe o passeio preferido de infância: foram ao circo juntos e comeram algodão-doce. Natal e aniversários foram celebrados como se fossem os últimos. O casal também enfrentou o drama junto. Nos primeiros quatro meses, Beatriz e Carlos tiveram que pagar o tratamento do bolso. “Gastávamos US$ 2 mil por mês em medicamentos”, conta ela, que precisou se endividar e teve um automóvel tomado pelo oficial de Justiça. Quando o coquetel antiaids foi descoberto e o Ministério da Saúde passou a fornecê-lo gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde, a situação melhorou. Os dois tiveram que redescobrir a vida sexual e aprender a usar camisinha. Também começaram um trabalho de militância contra o preconceito e pelo amor nos tempos de HIV. Beatriz fundou o Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, de prevenção e apoio aos infectados. Já em 1999, ela publicou no jornal do Gapa, Grupo de Apoio à Prevenção da Aids, um artigo intitulado Nós, as HIVéias, que tocava no tema tabu da infecção de mulheres de meia-idade casadas. Dispensar a camisinha nas relações estáveis? Fazendo o exame antes, tudo bem, ensinava Beatriz, contanto que a proteção seja regra nas relações extraconjugais: “Se pular a cerca, traz a guampa (chifre, no dialeto gauchês) sem o HIV pendurado nela”. Para mostrar que o contágio da aids não se dá senão por via sexual ou transfusão de sangue, os dois faziam palestras durante as quais bebiam água do mesmo copo e eram invariavelmente encerradas por um apaixonado beijo na boca. Tudo estava bem e o amor era mais forte do que a morte. A pior tragédia para Beatriz Pacheco, no entanto, ainda estava por vir. Em 2005, dirigindo para o trabalho, Carlos sentiu uma intensa dor abdominal. Tabagista inveterado havia décadas, teve diagnosticado um câncer de bexiga, em fase de metástase. “Ele sentiu muita revolta, não aceitava que nosso sonho não existiria e que ele estava morrendo”, conta Beatriz, que teve mais dificuldade de se conformar com o diagnóstico do marido do que com o seu: “Havia um acordo informal entre nós de que eu morreria nos braços dele”. A agonia durou dez meses e Carlos definhou lentamente. Uma ocasião, disse a ela: “Ter aids é fácil”. Seu olhar era de raiva e desesperança. Já na UTI, fez um pedido a uma de suas filhas: “Diga à Neca para ela não sair daqui porque a morte tem medo dela”. Após outra noite ao lado do amado no hospital, Beatriz saiu para tomar um banho e trocar de roupa. Foi o tempo de chegar em casa e o telefone tocar: Carlos tinha ido. Neca não estava, e a morte chegou. O homem que enfrentava qualquer desafio e sempre sabia ver o lado bom das coisas não estava mais ali. Mais uma vez, Beatriz sofreu, mas não perdeu a alegria de viver: “Muita gente nem sequer teve um grande amor na vida”.

sábado, 29 de novembro de 2008

Mais uma

Quando Fecho os Olhos
Chico César
Composição: Chico César/Carlos Rennó

E aí você surgiu na minha frente,
E eu vi o espaço e o tempo em suspensão.
Senti no ar a força diferente
De um momento eterno desde então.

E aqui dentro de mim você demora;
Já tornou-se parte mesmo do meu ser.
E agora, em qualquer parte, a qualquer hora,
Quando eu fecho os olhos, vejo só você.

E cada um de nós é um a sós,
E uma só pessoa somos nós,
Unos num canto, numa voz.

O amor une os amantes em um ímã,
E num enigma claro se traduz;
Extremos se atraem, se aproximam
E se completam como sombra e luz.

E assim viemos, nos assimilando,
Nos assemelhando, a nos absorver.
E agora, não tem onde, não tem quando:
Quando eu fecho os olhos, vejo só você.

E cada um de nós é um a sós,
E uma só pessoa somos nós,
Unos num canto, numa voz.

=====

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

domingo, 6 de julho de 2008

Alguém como você

Não ligue pro que eles vão falar
Ninguém está aqui no meu lugar
Nem sente o que eu sinto por você
Ninguém entende nada, eles nunca vão saber

Não deixe um sussurro te assustar
Nem pense como eles vão pensar
Só ouça o nosso coração bater
Não precisa dizer nada, eles nunca vão saber

Como é não ser só
Como é amar sem sofrer
Como é gostar e querer
Como é ter alguém como você.


quinta-feira, 3 de julho de 2008

Amelie



"Quando alguém aponta o céu, o imbecil olha o dedo."

Perfil

Quando esse perfil foi escrito, ele foi escrito de verdade. Foi escrito de verdade, por alguém de verdade. Alguém que quando diz que é sentimental (leia lá), acredite: é sentimental. Se está escrito que vê sentido em tudo, é porque em tudo vê sentido... O silêncio não é proposital, tampouco falta de assunto. É necessário. Um momento só, sabe? Se importar com as pessoas? Puts, pior que sim. Acho que coração meio mole. Todo mundo tem um porquê. Todo mundo tem uma história. Tem um motivo de ser "assim desse jeito". Respeito não é só uma palavrinha bonita...
Quando no perfil eu leio: "não acredita em controlar os outros..." é porque simplesmente não acredita mesmo! Saber se controlar é uma coisa...inclusive muito importante, pra diversas situações...agora, controlar alguém...difícil...
Se se arrisca? Ah! fala sério! Viver perigosamente é o mais divertido!
Analisar as idéias das pessoas....ver incoerências, é quase um dom. As amizades que o digam...(tem sempre uma teoria ótima!rs - faça o que eu digo...)

Por ser detalhista, vê que felicidade é algo bem mais simples, e que pode ser encontrada em qualquer coisinha, em todas as coisas pequeninas...

¬¬ fotinho do filme "Little miss sunshine"

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Patience

Shed a tear 'cause I'm missing you
I'm still alright to smile
Girl, I think about you every day now
Was a time when I wasn't sure
But you set my mind at ease
There is no doubt you're in my heart now

........

If I can't have you right now, I'll wait, dear
Sometimes I get so tense, but I can't speed up the time....

Guns N'Roses

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Depois do começo

Fiquei tentando entender o que as pessoas querem dizer com “filosofia de vida”? “Filosofia de vida” pode parecer algo muito bonito, pode transmitir a idéia de personalidade. Mas para mim “filosofia de vida” é algo parado. Algo parado sim. Digo parado porque entendo que uma filosofia de vida é uma idéia que a pessoa carrega para a vida toda. Das duas umas: ou se mente, ou admiro pessoas que conseguem ter uma idéia por toda vida. Sim, admiro sim. Pois em menos de um quarto de século já tive tantas idéias de mundo. Saber entender que nada é eterno passa a ser uma dessas idéias. Isso abrange muita coisa. A começar pela felicidade desse dia. O fato de uma nota ótima na faculdade traz felicidade, que termina antes do seu curso findar. Você estar bem com seu namorado é algo muito feliz, que pode deixar de ser a qualquer momento. Estar tendo um bom relacionamento com seu pai é fantástico, até a próxima briga. Não estou sendo pessimista. Vejamos de um outro ângulo. Perder alguém dói. Dói de verdade. A dor mais doída, que a gente nunca imaginou sentir. Pode ser a perca de alguém que continua vivinho da silva ou de alguém que foi por um caminho só de ida. Não dá pra mensurar a dor. Mas ela passa. Persiste por um tempo, mas sei que passa. Ter “um dia daqueles” faz você se tremer todo, te dá dor de cabeça, te trava as costas. Mas passa também.

Diante do fato de que o tempo não pára, e Cazuza que o diga, penso que o ser deve viver a hora exata. Pensar que não existirá felicidade, porque tudo o que se tem feito até agora foi um erro, isso sim é enganoso. Mas... "O que irão pensar de mim?" - as pessoas não sabem nem o que pensar sobre elas mesmas! Eu não sei o que pensar de mim! Ora, então faça-me o favor.

Independente da fase alegre ou triste por qual cada um passa, a atitude de se levantar a cabeça e começar diferente é única e exclusiva. Não estou dizendo que é fácil. Tão pouco afirmo ser isso impossível. Só você sabe o que sentiu em cada segundo do dia que termina hoje. O que você gostou e o que não gostou, não sei dizer. Quem sabe é você. Se terá um dia como o de hoje? Não sei. O que fará para ter um dia diferente? Who knows? Se sua “filosofia de vida” responder a essas perguntas, talvez você tenha um bom motivo para segui-la. ;-)

" E depois do começo o que vier vai começar a ser o fim" - Legião Urbana


domingo, 22 de junho de 2008

Pra se escutar de olhos fechados

" E foi mesmo na frente da igreja que a vida de Antônio deu uma volta medonha, pois, no que viu Karina, seu coração disse pra sua cabeça, vá, e sua cabeça disse pra sua coragem, vou, e sua coragem respondeu, vou nada, mas sua boca não ouviu e beijou Karina bem ale, no meio da praça, e a boca de Karina não disse não, e nem poderia, pois estava por demais ocupada.

Daí pra frente se sucederam muitas noites de festa e muitas outras de desgraça tanto no coração dele como no dela, pois a graça do amor é justamente esse emperrado. Quer, não quer, pode, não pode, quer mas não pode, pode mas não quer,um passa a querer no que o outro desquer e esse só vai querer novamente com a desquerência do outro. O fato é que, foi, não foi, Karina e Antônio foram destrocando juras para lá e para cá, cada vez mais muitas, e Nordestina acabou se acostumando com aquelas palavras de amor passeando pelas ruas até não sei que horas da madrugada. O nome de Antônio e o de Karina passaram a só andar juntos na boca do povo. Lá vêm Karina e Antônio, lá vão eles. A palavra sempre lhes servia de acompanhante. Os dois não se afastavam nem nas frases, nos nos cantos, nem mesmo no pensamento. Seus olhos também não se afastavam nunca, os dele dos dela, os dela dos dele, nem as bocas e nem as mãos. Os pedaços de um foram descobrindo os pedaços do outro, por partes, até chegar a hora em que cada pedaço de um conhecia o outro inteiro. Karina nunca tinha visto isso nem no filme. Não daquele jeito. Antônio também desconhecia esse negócio que dá dentro da pessoa nessa hora. Um negócio que só tem vantagem, uma atrás da outra, e bastam apenas dois para senti-lo, mais nada, podia existir coisa melhor na vida?

Na noite em que Antônio e Karina viraram um só de vez, quando todos os pedaços dos dois, sem faltar nenhum, se ajeitaram num mesmo espaço, e as duas bocas, enquanto separadas, murmuraram bobagens importantíssimas, e os dois pensamentos conheceram juntos lugares que não existem, coincidiu que a lua também estava cheia. E se a lua estava cheia, a noite também devia estar se sentindo o máximo."

trecho do livro "A máquina" - Adriana Falcão

Chico Buarque

Porque era ela, porque era eu

Eu não sabia explicar nós dois
Ela mais eu
Porque eu e ela
Não conhecia poemas
Nem muitas palavras belas
Mas ela foi me levando pela mão
Íamos todos os dois
Assim ao léo
Ríamos, choravamos sem razão
Hoje lembrando-me dela
Me vendo nos olhos dela
Sei que o que tinha de ser se deu
Porque era ela
Porque era eu

Tempo

" ... se avexe não! que amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada." ...

terça-feira, 3 de junho de 2008

Ai que fome!!!

Estamos com fome de amor


Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros
e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam
sozinhas e saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que
estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os
novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvída? Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega. Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão
distante de nós.

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos ORKUT, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!" Unindo milhares ou melhor milhões de solitários em
meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos,plásticos, quase etéreos e inacessíveis.
Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa.

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega. Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí?
Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso à
dois.

Quem disse que ser adulto é ser ranzinza, um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele ? Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser
estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é 'out", que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu
não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".


Antes idiota que infeliz!

Arnaldo Jabour

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Se deve viver apesar de. (Clarice Lispector)

“Escrevo neste instante com algum prévio pudor por vos estar invadindo com tal narrativa tão exterior e explícita. De onde no entanto até sangue arfante de tão vivo de vida poderá quem sabe escorrer e logo se coagular em cubos de geléia trêmula. Será essa história um dia o meu coágulo? Que sei eu. Se há veracidade nela – e é claro que a história é verdadeira embora inventada – , que cada um a reconheça em si mesmo porque todos nós somos um e quem não tem pobreza de dinheiro tem pobreza de espírito ou saudade por lhe faltar coisa mais preciosa que ouro – existe a quem falte o delicado essencial.”
A HORA DA ESTRELA

"As pessoas que se comprazem no sofrimento, que gostam de sentir-se infelizes e fazer aos outros infelizes, jamais poderão orgulhar-se de sua beleza. O mau humor, o sentimento de frustração, a amargura marcam a fisionomia, apagam o brilho dos olhos, cavam sulcos na face mais jovem, enfeiam qualquer rosto. Essa é a razão porque a mulher, que cultiva a beleza, deve esforçar-se para ser feliz. Felicidade é estado de alma, é atmosfera, não depende de fatos ou circunstâncias externas.”
CORREIO FEMININO

“Uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.”
APRENDENDO A VIVER

“No quintal onde estive hospedado cheirei tudo, figueira, galo, galinha etc. Se você chamar: Ulisses, vem cá" – eu vou correndo e latindo para o seu lado porque gosto muito de criança e só mordo quando me batem. Pois não é que vou latir uma história que até parece de mentira e até parece de verdade? Só é verdade no mundo de quem gosta de inventar, como você e eu. O que vou contar também parece coisa de gente, embora se passe no reino em que bichos falam.”
QUASE DE VERDADE

“Ele chorou um pouco. Era um belo homem, com barba por fazer e abatidíssimo. Via-se que havia fracassado. Como todos nós. Ele me perguntou se podia ler para mim um poema. Eu disse que queria ouvir. Ele abriu uma sacola, tirou de dentro um caderno grosso, pôs-se a rir, ao abrir as folhas. Então leu o poema. Era simplesmente uma beleza. Misturava palavrões com as maiores delicadezas. Oh Cláudio – tinha eu vontade de gritar – nós todos somos fracassados, nós todos vamos morrer um dia! Quem? Mas quem pode dizer com sinceridade que se realizou na vida? O sucesso é uma mentira”.
A VIA CRUCIS DO CORPO

De Ulisses ela aprendera a ter coragem de ter fé – muita coragem, fé em quê? Na própria fé, que a fé pode ser um grande susto, pode significar cair no abismo, Lóri tinha medo de cair no abismo e segurava-se numa das mãos de Ulissses enquanto a outra mão de Ulisses empurrava-a para o abismo - em breve ela teria que soltar a mão menos forte do que a que a empurrava, e cair, a vida não é de se brincar porque em pleno dia se morre. A mais premente necessidade de um ser humano era tornar-se um ser Humano.
UMA APRENDIZAGEM OU O LIVRO DOS PRAZERES

“Estou desorganizada porque perdi o que não precisava? Nesta minha nova covardia – a covardia é o que de mais novo já me aconteceu, é a minha maior aventura, essa minha covardia é um campo tão amplo que só a grande coragem me leva a aceitá-la –, na minha nova covardia, que é como acordar de manhã na casa de um estrangeiro, não sei se terei coragem de simplesmente ir. É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me mesmo seja de novo a mentira que vivo.”
A PAIXÃO SEGUNDO G.H.

domingo, 18 de maio de 2008

Um pouco de Teatro

"Como pode um peixe vivo viver fora da água fria,
como pode um peixe vivo viver fora da água fria?
Como poderei viver, como poderei viver, sem a tua, sem a tua
Sem a tua companhia? Sem a tua, sem a tua, sem a tua companhia?"

(homenagem ao Camarada d'água que me convidou pro show!rs...)

"Você é riacho e acho que teu rio corre pra longe do meu mar...
mar marvado seria o rio
que correndo do meu riacho... levaria o que acho
pra onde ninguém pode achar..."
============

Cidadão de Papelão

Um cara, um papo, um sopapo, um papelão

Criador, criatura

Cria a dor, cria e atura

À margem de toda candura
Homem de pedra, de pó, de pé no chão
Não habita, se habitua
============

"Hoje eu vivo em paz sozinho
Muitos passarão
Outros tantos passarinho
Muitos passarão

Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor..."...
============
".... E o fim é belo incerto... depende de como você vê ..."

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Minhas lágrimas secam por si só

Tears Dry On Their Own

Amy Winehouse

All I can ever be to you,
is a darkness that we knew
And this regret I got accustomed to
Once it was so right
When we were at our high,
Waiting for you in the hotel at night
I knew I hadn´t met my match
But every moment we could snatch
I don’t know why I got so attached
It's my responsibility,
and You don't owe nothing to me
But to walk away I have no capacity

He walks away
the sun goes down,
He takes the day but I’m grown
And in your grey
In this blue shade
My tears dry on their own.

I don't understand
Why do I stress a man,
When there's so many better things at hand
We could have never had it all
We had to hit a wall
So this is inevitable withdrawl
even if I stopped wating you,
A perspective pushes through
I'll be some next man’s other woman soon

Ah can I play myself again?
Or should I just be my own best friend?
Not fuck myself in the head with stupid men

He walks away
the sun goes down,
He takes the day but I’m grown
And in your grey
In this blue shade
My tears dry on their own.
So we are history,

Your shadow covers me
The skies above a blaze

He walks away
the sun goes down,
He takes the day but I’m grown
And in your grey
In this blue shade
My tears dry on their own.

I wish I could say no regrets
And no emotional debts
'Cause as we kissed goodbye the sun sets
So we are history
The shadow covers me
The sky above a blaze
that only lovers see

He walks away
the sun goes down,
He takes the day but I'm grown
And in your grey
My blue shade
My tears dry on their own.

Um pouco de Clarice...

"que se há de fazer com a verdade de que todo mundo é um pouco triste e um pouco só?"

A falta de gente para conversar, namorar ou passear é carência.
O sentimento pela ausência das pessoas que a gente ama e que não podem mais voltar… é saudade!

O retiro voluntário a que, muitas vezes, sem saber, a gente acaba se impondo só para realinhar os pensamentos... é equilíbrio.
Aquela pausa obrigatória que o destino manda compulsoriamente, para que eu reveja a minha vida… é um princípio da natureza.

O vazio de gente ao nosso lado…é apenas uma circunstância.


Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos. E procuramos, em vão, pela nossa alma!

¬¬ Não estou me sentindo só... apenas li isso na net, e achei que fizesse sentido...r.s..

terça-feira, 13 de maio de 2008

Meu mundo

" Se o mundo é mesmo parecido com o que vejo , prefiro acreditar no mundo do meu jeito."

" Sempre precisei, de um pouco de atenção. Acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto...
E nesses dias tão estranhos, fica a poeira, se escondendo pelos cantos...
Esse é o nosso mundo....
O que é demais nunca é o bastante, e a primeira vez é sempre a última chance...
Ninguém vê onde chegamos! Os assassinos estão livres, nós não estamos..."

Já dizia Amelie














"... e você que nem vegetal é, pois até alcachofras têm coração ..."

Ainda faz sentido


Se fiquei esperando meu amor passar...[?]
Já me basta que então, eu não sabia amar
E me via perdido e vivendo em erro, sem querer me machucar de novo por culpa do amor.

Mas você e eu podemos namorar!!!E era simples: ficamos fortes.

Quando se aprende a amar, o mundo passa a ser seu...
Quando se aprende a amar, o mundo passa a ser seu...

Sei rimar romã com travesseiro!
Quero a minha nação soberana, com espaço, nobreza e descanso.

Se fiquei esperando meu amor passar
Já me basta que estava então longe de sereno, e fiquei tanto tempo duvidando de mim, por fazer amor fazer sentido. [tem que ter sentido...]

Começo a ficar livre! Espero. Acho que sim. [ufa]

De olhos fechados não me vejo...

E você sorriu pra mim!

"Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo
Tende piedade de nós
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo
Tende piedade de nós
Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo
Dai-nos a paz...

¬¬enquanto Legião continuar a fazer sentido, vou continuar postando ;-)

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A medida do seu coração

Dizer que não foi bom pra mim, fingir que não aconteceu, querer que o tempo volte atrás...

Por ti ou por qualquer razão, são coisas que jamais farei...
Não cabem na medida do meu coração.

Um dia o sol esclareceu que a vida é mais que essa paixão.
Sorri ao tempo, me falou:
- Seu amanhã já começou!

Eu visto as notas da canção com versos na medida do meu coração...
...

Saudade, é claro, todo mundo sente. Não pode é ser maior do que a gente é!

Voltar para o mesmo lugar? É impossível, irreal....

Viver é qual o correr de um rio - Jamais retorna. Achei o que é melhor pra mim, e o tempo já me deu seu sim...

Um sim da medida do meu coração...